Obra Evangelizar promove tarde de esperança e alegria no Complexo Penitenciário de Piraquara

15/03/2023 às 17:35

As mulheres privadas de liberdade tiveram momentos de descontração, música e resgate da autoestima com atividades especiais pelo Dia da Mulher 

Fé, esperança e caridade: as virtudes teologais combinam com a ação promovida pelo setor de Projetos Sociais da Associação Evangelizar É Preciso. Na última semana, a Obra visitou o Centro de Integração Social (CIS), no Complexo Penitenciário de Piraquara, e promoveu uma ação interativa para o Dia da Mulher. 

A equipe ofereceu uma tarde repleta de música, de reforço de auto estima e afeto às cerca de 40 detentas em regime de progressão. “As atividades foram pensadas para enaltecer a presença e a força feminina, celebrar a vida e a esperança por um futuro mais próspero. Dessa forma, também se fortalecem laços ali dentro para que uma incentive a outra em busca de mudanças”, conta Juliane Gonçalves, coordenadora de Projetos Sociais da Obra. 

 

Um novo olhar para si e para o futuro 

A primeira atividade realizada no CIS foi uma apresentação musical, conduzida pela cantora Adri Melo. Entre as canções escolhidas, “Trem-Bala” e “Noites Traiçoeiras” fizeram todas cantarem juntas no salão. 

 

Depois, as presentes tiveram uma folha de papel em branco colada nas costas. A ideia foi que uma escrevesse para a outra algum elogio ou palavra encorajadora. Por não ser possível enxergar o que estava sendo escrito, as mulheres puderam conferir como as colegas as viam apenas no final da atividade. A surpresa gerou comoção e rendeu um momento de aproximação entre as detentas. Foi uma oportunidade de olhar para si com a mesma gentileza que as colegas as olham. 

 

Em seguida, participaram de uma dança circular, uma forma de expressão artística que promove integração, fortalecimento das relações e a busca por autoconhecimento por meio da reflexão. Com a ideia de que cada passo, mesmo que de recuo ou de recomeço, ainda é um avanço na caminhada, as mulheres dançaram juntas, de mãos dadas, para representar esse trajeto de vida que, mesmo com altos e baixos, permanece indo. 

 

Por fim, as mulheres ganharam um presente: chocolates e um livro repleto de mensagens de fé e esperança. Com esse “mimo”, as músicas e conversas, elas foram encorajadas a encarar de cabeça erguida a liberdade e a vida nova que chegará daqui alguns meses para muitas delas, pois todas as mulheres do CIS estão no final do cumprimento da pena, no chamado “regime de progressão”. 

 

Construindo novas oportunidades

As mulheres do CIS têm acesso a cursos e atividades formativas durante seu período de cumprimento de pena. Há a possibilidade de cursar até mesmo a graduação em Serviço Social e cursos profissionalizantes em áreas administrativas, por exemplo. As detentas Alana Garcia e Amanda Eduarda, ambas com 23 anos, contam que abraçaram as oportunidades recebidas: “Trabalhamos aqui no salão. Fizemos cursos de nail designer, designer de sobrancelhas e de cabeleireiro, além de outros de beleza e estética.”, conta Alana. “Com essas formações, que nos dão certificados, acrescentamos possibilidades ao currículo e, quando sairmos daqui, teremos a chance de conseguir mais oportunidades no mercado de trabalho e empregos melhores”, finaliza Amanda.

 

Segundo elas, as atividades interativas, como as promovidas pela Obra, movimentam a rotina e animam o dia. “As voluntárias que chegam até aqui para oferecer um dia diferente nos fazem pensar que teremos um futuro melhor, que somos merecedoras, pois já pagamos pelo que fizemos. Muitas vezes, quem nos visita e nos dá essas palavras de carinho acredita mais em nós do que nós mesmas. É um grande incentivo.”. Amanda sairá do CIS no próximo mês e Alana daqui três. 

Além da ação promovida no começo de março, a Obra Evangelizar promoveu outras iniciativas, na Penitenciária de Piraquara e também na de Rio Branco do Sul, como de incentivo à leitura, resgate da autoestima e valorização da mulher. Para Marilu Costa, diretora do CIS, essas atividades são muito bem-vindas e estimulam a ressocialização, junto aos demais cursos e estudos oferecidos na unidade. “Mesmo em regime fechado, todas as mulheres aqui desenvolvem algum tipo de atividade, numa proposta bem diferente de tratamento do regime penal”, explica. 

 

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