Veja como foi o primeiro dia do X Retiro Nacional

20/02/2022 às 04:03

O caminho “Das Trevas Para a Luz” exige decisão e esforços de todos os filhos e filhas de Deus. E oração, compromisso e estudo são os remos e os rumos para alcançar a direção certa, como apresentou o Padre Reginaldo Manzotti no primeiro dia do X Retiro Nacional. Afinal, como diz o lema desta edição, “a Luz brilha na escuridão, e a escuridão não conseguiu apagá-la” (Jo 1,5).

Para iniciar o evento, o Sacerdote falou sobre o desejo de ver novamente os fiéis reunidos presencialmente para esse momento, mas infelizmente ainda não foi possível neste ano. “Se Deus quiser, no próximo ano estaremos juntos no Retiro, mas o fato de ser online não vai ser menos fervoroso. Você está disposto a fazer essa experiência de retiro, de encontro? Vamos lá!”, convidou Padre Reginaldo.

Antes de iniciar as palestras, ele pediu orações pelas vítimas das chuvas em Petrópolis (RJ) e contou a ação de solidariedade da Obra: cada pessoa que se associou hoje (19) contribuiu diretamente com as famílias que estão enfrentando esse momento tão difícil. Parte das doações será destinada a ajudá-las, com alimentos, água e outras necessidades de tantas pessoas que perderam tudo nos últimos dias.

Durante os dois dias do Retiro Nacional, são seis palestras com temas diferentes, mas no mesmo sentido: lançar a Luz de Deus para cada situação.

Foto: Felipe Gusso

 

1ª Palestra | Conselhos bíblicos na TRIBULAÇÃO

Diante de um problema ou obstáculo, sentir angústia e medo faz parte. Como o Padre ressaltou, “se não deixar perturbado é porque não é problema”. Porém, o erro é quando a gente acha que a vida não tem mais sentido, que tudo foi errado.

“Somos chamados por Cristo a enfrentar as tribulações, lutar e enfrentar. Você tem a atitude de reclamar, fugir, se esconder, ou você tem a decisão: eu vou lutar, eu vou vencer? Os problemas são grandes, mas meu Deus é maior. Se quiserem chegar a possuir Cristo, verdadeiramente Cristo, não O busquem sem a Cruz”, ensinou o Sacerdote.

O Senhor espera do Seus filhos que sejam melhores e esse impulso também vem nas tribulações. “Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos” (Hebreus 12,8).

Devemos pedir: “Pai, me corrija!”. É muito melhor ser corrigido por Ele, com Seu amor, compaixão e pedagogia, que pelo mundo, assim como ele fez com Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, entre outros tão importantes para o povo de Deus.

Em tempos de provações, devemos buscar lições, instrução e educação. É com esse propósito que Deus permite uma provação na sua vida e assim curar suas feridas, mostrar o Seu amor e que você pode coisas maiores e melhores. Deus permite as provações e elas nos capacitam.

“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Coríntios 10,13). A provação é de Deus, mas a tentação é do diabo. Já o medo, por sua vez, é fruto de uma fé fraca, de atitudes negativas como o apego às coisas materiais.

“O medo vem de uma ameaça involuntária, é o sentimento de impotência. Existe uma força maior”, destacou o Padre.  E como combatê-lo? Sendo uma pessoa forte, com energia. Se alguém é forte fisicamente quando está alimentado e bem nutrido, o mesmo vale para a saúde espiritual. É preciso estar com a força necessária da fé.

Muitas vezes, podemos ficar aflitos, mas não devemos ficar derrotados. Podemos ficar em dúvida, mas não desesperados. “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados.” (2Cor 4,8).

“Deixar ser provado por Deus é a oportunidade que temos de deixar Jesus realizar Sua Obra em nós. Por meio das provações, Sua obra somos nós”, explicou Padre Reginaldo, lembrando de exemplos como Santo Inácio, São Pio e Santa Rita.

“Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vocês” (1Pd 5,7). As dores vão existir para as pessoas com fé ou sem fé. “Aquela dor cruel pode reverter-se para a salvação. Quando tudo dá errado, até na dor tem sentido”, enfatizou.

Por fim, o Padre alertou que a paciência é uma virtude ativa e nunca omissão, que é um grande erro. “Nós precisamos aprender o alfabeto da fé”.

Foto: Felipe Gusso

 

2ª Palestra | Conselhos bíblicos para a juventude

“Por que precisa ser velho para servir a Igreja?”. Padre Reginaldo iniciou a segunda palestra lembrando daquelas pessoas que dizem esperar a aposentadoria ou tempos mais tranquilos na vida para se dedicar à fé. Em seguida, fez o alerta: a Igreja, as paróquias, os movimentos católicos precisam da juventude e isso é urgente.

“Temos uma visão equivocada de quem deve servir a Deus, que devem ser homens velhos e experientes. Precisamos chamar mais a juventude”.

O Sacerdote lembrou o texto bíblico do Filho Pródigo. “O mais jovem tentou sua autonomia, mas cometeu um erro, pois a transformou em libertinagem e solidão. Mas ninguém lembra que depois de ter provado a devassidão e a libertinagem ele teve um processo lindo como jovem. Aceitou recomeçar sua vida. Se levantou dos porcos”.

O Padre lembrou a importância do incentivo e dos bons exemplos como algo que deve partir de cada família e da sociedade. Menos críticas e mais ânimo aos jovens: “Corrigir, sim, mas não chatear demais. Por que tanta reclamação da cama bagunçada, tanta crítica? É melhor uma casa bagunçada habitada que uma casa arrumada vazia”.

A todo momento, é preciso incentivar o protagonismo dos mais jovens na missão de Jesus Cristo. “Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás.
Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor” (Jr 1,7-8).

Alguns males como apatia, desinteresse ou negação do que está acontecendo têm invadido a juventude e atrapalhado seu caminho. A adolescência de Jesus foi uma tomada de consciência para a missão. Ele tinha uma boa relação com a família, convivia com tios, primos e seus pais, que confiavam nele.

Recados aos jovens:

“Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas saiba que por todas essas coisas Deus o trará a julgamento.
Afaste do coração a ansiedade e acabe com o sofrimento do seu corpo, pois a juventude e o vigor são passageiros” (Ec 11,9-10).

Como uma transição entre infância e fase adulta, a fase jovem precisa ser aproveitada com aprendizado e crescimento. “Seguir a Deus não é tirar sua mocidade, não é tirar sua juventude. É evitar erros que vão te tirar a alegria de viver. Seguir a Deus é evitar erros que vão estragar a vida. Deus dá sabedoria aos jovens para que sejam alegres como Jesus foi. Não duvide da sua capacidade. Não deixe que ninguém despreze você por ser jovem”, disse Padre Reginaldo.

Como nos ensinou São Paulo, ao invés de brigar, conquiste pelo bom exemplo, sendo exemplo de conduta. “Precisamos, mais do que nunca, que nossas igrejas tenham jovens, que nossos jovens se sintam acolhidos. E por outro lado mostrar à juventude que Deus é aquele que faz o bem”.

Sobre namoro cristão

Para o namoro dar certo é preciso construir uma sólida amizade e o problema de muitos casais é que deixaram de ser amigos. “Ciúme não é positivo e nem nunca será. Zelo é positivo. Não existe esse amor: você é metade da minha laranja. Você tem que ser inteiro! Uma laranja inteira e outra laranja inteira. Namoro deve ser a fase de perguntas, questionamentos, de buscar a verdade. O que fazer se seu namorado estiver longe da fé? Permaneça firma. Reflita se está disposta a viver com alguém que não comunga”.

3ª Palestra | Conselhos bíblicos para as LIDERANÇAS

Como ser fiel à missão de Jesus Cristo? Como podemos fazer com que as pessoas, usando de suas capacidades, direcionem suas vidas e de suas famílias com lideranças? Locais e lideranças cristãos precisam dar o exemplo ainda mais, mostrar organização e legitimidade.

“Será que nós, como líderes, estamos passando essa organização? Por isso, há muitas pessoas sem rumo. Precisamos passar essa liderança, essa organização. Não se trata de mandar, mas de convencer. Muita gente foi perdendo o poder da liderança, porque não estava mais convencido daquilo que estava fazendo”, explicou Padre Reginaldo.

Liderar é guiar, é preparar as pessoas, a exemplo de Jesus Cristo. É preparar as pessoas para o crescimento. Para alcançar isso, Nosso Senhor respeitou o processo de cada um, como podemos ver com o exemplo dos apóstolos.

“Jesus é o maior líder de todos os tempos. Ele tinha vocação, ministério eficaz e liderança exemplar. Como líder, Ele tinha consciência da sua missão e do seu dever. Se eu sou líder para estar na ponta da pirâmide, então não sou líder cristão. Um bom cristão reza sempre. Se às vezes nossas pastorais não vão adiante, se têm uma rotatividade muito grande, ninguém para, se ninguém fica é um perigo”.

“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6,18). A oração fortalece o bom líder. Traz êxito pra missão. Na oração se escuta a Palavra de Deus, a resposta, e sem oração não há discernimento. Se falta oração os danos são lamentáveis.

Mais perigos para as lideranças citados na palestra: fechar panelinhas e não estudar. Afinal, se um médico se forma e nunca estuda de novo vai ficar pra trás, por exemplo. Em relação a Deus e à religião é a mesma coisa.

“Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades.
O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um” (Cl 4,5-6).

Essa sabedoria exige uma postura de disposição pelo próximo e bem coletivo. “Devemos falar, mas estudar pra saber falar. Veja a paciência de Jesus. Será que a gente mostra essa mesma empatia, essa mesma comunhão? Quando a tempestade estava muito grande no barco, o que ele teve? Calma. Quando tinha problemas rezava. Quando tinha carências econômicas partilhava. O bom líder é aquele que sabe ouvir. Você é líder, portanto tem que ouvir as pessoas”, pontuou o Padre.

O bom líder corrige fraternalmente e acredite nos dons da pessoa, aceita, entende e corrige no momento oportuno.